segunda-feira, 19 de março de 2012

Faça Refaça Desfaça


"Lagarta que se limita, não vira borboleta. 
Muitas vezes o inalcançado descende da estagnação. 
É quando o próximo passo torna-se tão difícil quanto o primeiro. 
Com o tempo você percebe, que não é tão importante o que os outros acham. 
Principalmente, aqueles que vestindo máscaras vivem vidas que não lhes pertencem. 
É como ideia. 
Começa pedra e se lapida. 
Mas para isso, alguém precisa acreditar.
Faça, refaça e as vezes, desfaça de tudo. 
Não se prenda, nem repreenda.
Aprenda!
Crie, recrie, inove ou renove. 
Mas nunca se esqueça, a vida é pouca para se limitar."

SOUZA NETO


Onze


"De noite perto
de dia longe
Tão quanto reto
sempre distante

As vezes calo
foi só estalo
Em vez de seu
O riso é meu

Ao léu da lua
o mar se acalma
Na estante sua
roupa espalma

Não sendo só,
estando em paz
Seu laço é nó
que não desfaz

Sua boca perto
dizendo não
De olho aberto
eu fico são

Mas quando fecho
sua voz tão doce
Me guia a perto
tão quanto fosse

Já não me perco
no labirinto
de um desejo
quando menino

Mas hoje grande
não sei se posso
Ser tão gigante
quanto me esforço

Eu hoje espero
aquele beijo
que não me deu
mandou ao vento

Ele entregou
com um sorriso
Dizendo calma
fez paraíso

Então no fim
eu te espero
Dizendo sim
não tem mistério."

Souza Neto


sábado, 17 de março de 2012

Não é trabalho, é diversão


Falar em trampo me lembra trabalho
e trabalho me lembra esforço.
Eu vim aqui para expor meu descanso.
Minha rede com água de coco!

Fazer poesia é abdicar do sono,
para sonhar um pouco acordado.
Ser poesia é libertar do trono,
ouvir no peito seu grito abafado.

No seu silêncio me faço abismo,
Me faz pensar o que não quero.
Se eu te contar, será cinismo.
Se não contar, será mistério.

Na sua boca eu sou turista,
Em sua mente eu não sou sério.
O seu desejo é ter minha lista?
Mas me perdi no seu critério.


SOUZA NETO

Prosa entre o Sábio e o Bobo - Souza Neto


“– Porque palpitas quando a ver?
– É susto!
– Susto? Não é a toa que lhe chamam de bobo.
– Ora. Não percebes como ela é linda?
– É claro. Mas eu não pulo quando a vejo.
– Seus olhos não enxergam o que os meus vêm.
– Enxergar? Você não tem olhos!
– Lógico que tenho! Vai teimar?
– Eu não. Diga-me, o que vê?
– Ela não deseja mal a ninguém, é carinhosa e além do mais...
– Não entendo! Não vejo essas coisas!
– Os seus olhos foram feitos para enxergar somente o que está expresso!
– Hum, além do mais o quê?
– Além do mais, acho que ela pode gostar de nós.
– Não se iluda! Mantenha o pé atrás.
– Com o pé atrás não caminharemos para frente.
– Mas, também, não cairemos em nenhum buraco por aí!
– Hum. Nunca descobriremos se não tentarmos.
– Coração, você sonha demais.
– Pobre cérebro, você é racional demais.
– Tudo bem. Para se caminhar um pé tem que estar à frente do outro.
– O que estás a propor?
– Que podes sonhar, mas estarei sempre aqui, para que não fujas da realidade.
– E se ela sentir o mesmo por nós? Não é melhor nos entregarmos de uma vez?
– Acalme-se coração. Tudo em seu tempo. Se ela sentir o mesmo que nós,
então ela caminhará também em nossa direção.
– Você é sempre mais sábio que eu.
– E se não fosse por você, com certeza não seria feliz.
– Xiii... Silêncio! O assunto acabou de chegar!”
Souza Neto

Rumo sem rumores - Souza Neto


Minha tristeza cria forma nas palavras.
Ela é algoz. Deleita-se debochando da felicidade.

Destemida, disputa comigo as linhas da poesia.
Toma pra ti minha caneta e escreve dando-me os créditos.

Um beijo a ti que fica, estou partindo em busca de sonhos.
Perto da terra de Bandeira, onde ele é amigo do rei.

Lá sou quase da realeza, pois na minha terra, eu sei.

Que meus textos são desenhos. E eu defino as cores.
Meu rumo não foi traçado. Rumo sem rumores.

Meu caminho é distante. Meu mapa é o impossível.
Velejando no desejo, deixo o antigo para trás.

Minha tristeza me sacia. E sempre vem a me lembrar.
Que a pessoa a quem escrevo, lê calada minha poesia.

Um beijo a ti que fica. Estou em busca de meus sonhos.

Souza Neto

Mundo mudo, mudo o mundo.


As vezes penso calado,
porque sigo seus passos.
Quando o que na verdade quero
é apenas te ter nos meus braços.

E as vezes quando o sono se vai,
resolvo medir minhas duvidas.
De seu toque sempre com luvas,
mantenho a distancia até quando sai.

Hoje abri a janela cedo,
e sei que sou menos que queria.
Para acalentar a alma em fúria
escondi atrás do medo.

O medo que foi meu amigo,
me disse com a voz do sossego,
que eu poderia ter tudo aquilo,
mais não quem mais eu desejo.

Então logo me fiz imprevisível
porque apesar de tudo,
prefiro querer o impossível,
do que desistir de meu mundo.

Mudo o mundo, sem voz!
Mundo mudo e feroz.
Mudo tudo, a sós,
Mas não mudo seu mundo, nem nós.


(Souza Neto)

A minha vida toda


Parece inocente equivaler o sentimento àquilo que tende ao infinito e não possa ser medido.
Todos os dias são dias mais felizes, que faz de todas as variáveis, a que mais machuca ser à distância.
Então prove minha teoria louca, de que a distância não diminui meu amor.
E que o tempo é tido como algo desprezível.
Peça-me a verdade e direi que não importa dia, mês ou ano.
Não importa o tempo, pois na concepção de que tudo é relativo, me perdi provando que junto a você minhas horas são segundos.
Os meus dias longe de ti são como horas, fazendo que tudo seja mesmo relativo.
E se me perguntarem a quanto tempo eu te conheço. Não tenho certeza, mas a resposta é: 'a minha vida toda'.



SOUZA NETO